12 de março de 2018

Em busca da Serenidade




Domingo, passei a tarde com uma boa amiga que está, neste momento, a atravessar um período conturbado na vida, num trabalho desgastante que a consome e com uma relação amorosa desfeita. Encontrei-a, como é natural, com os nervos em franja. Gestão de stress é algo que de momento não é capaz e os efeitos nefastos do stress na saúde física e psíquica são já bem visíveis. Está uma pilha de nervos (em linguagem bem comum), sem paciência para nada e ninguém, sem energia ou motivação, desgastada, precocemente envelhecida, com um discurso pessimista, sem saída visível, e sem forças para continuar a lutar. E, pior, sem qualquer estratégia de coping para lidar com isso.

A tarde iniciou-se com uma torrente de queixas em ritmo acelerado. A sensação que tive foi que nem o discurso estava organizado quanto mais as emoções ou sequer as prioridades definidas. Só posso imaginar como aquela cabeça se encontra afundada num turbilhão de pensamentos e emoções. O ritmo dela é de mil à hora, sem tempo para nada, e as emoções desorganizadas, sem tempo e espaço para serem integradas, reflectem isso mesmo.

Recordei o passado recente e o desgaste físico e emocional que sentia e não pude deixar de sentir  compaixão.
Eu estive nesse buraco há uns bons pares de meses. O ano de 2017 foi um ano extremamente desgastante a todos os níveis. Foi um ano de mudanças. Todo o meu mundo foi abalado e houve decisões dolorosas que tiveram de ser tomadas. Mortes, doenças, inundações,  desemprego, frustrações várias, desilusões, amarguras diversas. Nessa altura também eu fui engolida por um tornado de emoções negativas e a tristeza, amargura, raiva e zanga entraram na minha vida e o desgaste foi inevitável.

Quando tive consciência do estado em que me encontrava, com paciência, amor e cuidado para comigo, pouco e pouco, permiti-me finalmente sentir tudo o que devia sentir e acabei a percorrer um caminho de aceitação da vida tal como ela é. Permiti-me por fim iniciar o luto da vida perdida. Aprendi a meditar, a cuidar de mim, mudei a alimentação, desacelerei e, passo a passo, noto que recupero a energia positiva e vital. Sou uma principiante neste novo caminho de aceitação e paz, mas com persistência e vontade lá chegarei. Feliz por estas descobertas e por me ter cruzado com pessoas fantásticas que me abriram os horizontes e me permitiram a recuperação procurei transmitir o pouco que sei à minha amiga na esperança de que também ela procure o caminho da Serenidade.


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