27 de julho de 2016

David Sonboly - a culpa do psi


Ali Sonboly, o responsável pelo ataque desta sexta-feira em Munique, tinha 18 anos e era alemão de origem iraniana. Suicidou-se após matar nove pessoas, cinco das quais menores de idade.

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/mundo/detalhe/divulgada_foto_do_terrorista_de_munique.html
Ali Sonboly, o responsável pelo ataque desta sexta-feira em Munique, tinha 18 anos e era alemão de origem iraniana. Suicidou-se após matar nove pessoas, cinco das quais menores de idade.

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/mundo/detalhe/divulgada_foto_do_terrorista_de_munique.html
Ali Sonboly, o responsável pelo ataque desta sexta-feira em Munique, tinha 18 anos e era alemão de origem iraniana. Suicidou-se após matar nove pessoas, cinco das quais menores de idade.

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/mundo/detalhe/divulgada_foto_do_terrorista_de_munique.html
Ali Sonboly, o responsável pelo ataque desta sexta-feira em Munique, tinha 18 anos e era alemão de origem iraniana. Suicidou-se após matar nove pessoas, cinco das quais menores de idade.

Ler mais em: http://www.cmjornal.xl.pt/mundo/detalhe/divulgada_foto_do_terrorista_de_munique.html
 

A história já é conhecida.
David Sonboly, um jovem de 18 anos, pega numa arma e mata indiscriminadamente várias pessoas suicidando-se de seguida. Em 2015, esteve dois meses internado numa instituição psiquiátrica, onde continuou a ser seguido enquanto paciente externo.
Ao que parece estava em tratamento psiquiátrico por ansiedade e depressão e tinha remédios em casa, mas não se sabe se os tomava.

As autoridades alemãs afirmam também que existe uma “relação óbvia” entre o atirador e o assassino norueguês, Anders Behring Breivik, que matou 77 pessoas a 22 de julho de 2011, há precisamente cinco anos. Durante as buscas feitas à casa onde vivia com os pais, a polícia encontrou no quarto do jovem recortes de artigos sobre ataques, um dos quais intitulado “Why do students kill?” (Por que razão os estudantes matam?)

Vivia obcecado por tiroteios destrutivos, visitou, no último ano, a cidade de Winnenden, onde em 2009 ocorreu um tiroteio numa escola, e tirou fotografias, revela a BBC. Nesta localidade, Tim Kretschmer, assassinou 15 pessoas do seu antigo colégio em 2009.

Foi vitima de bullying e ameaçou por diversas vezes os colegas de morte. 

É este o resumo de mais um ataque levado a cabo por alguém que estava a ser seguido em psiquiatria e que me leva a questionar o que terá falhado nesse seguimento, mas hoje não me vou focar no que eventualmente falhou porque não tenho dados suficientes para análise, mas  no que sente quem o seguiu. A dúvida que me invade é como é que alguém, técnico de saúde mental, sobrevive depois de um paciente seu cometer um acto deste tipo.  Que dúvidas, medos, inquietações o atormentam neste momento? Será que se sente em paz ou em conflito com as escolhas feitas? De que modo poderia ter alterado este sangrento desfecho?

Pensar que a responsabilidade é sua (ainda que não o seja, claro!) é o normal. Achar que não se fez tudo o que se podia ou que se se tivesse feito diferente teria tido melhor, também, mas a verdade, salvo algumas excepções, é que os profissionais de saúde mental, quando tomam uma decisão referente a medicação, internamento, diagnóstico, alta ou intervenção terapêutica, fazem-no em consciência e com imensa responsabilidade. Nada é feito de animo leve ou despreocupadamente exactamente porque toda e qualquer decisão comporta riscos e temos sempre de avaliar e antecipar as possíveis consequências. Lidamos com o Ser Humano na sua vertente mais desconhecida, com especificidades e loucuras diferentes, com vontades e descontrolos, impulsos e zangas, recalcamentos e frustrações, com mágoas profundas que mal geridas têm infelizmente resultados desastrosos e, por isso, acredito que os meus colegas são conscienciosos e profissionais como lhes é exigido. Lidamos com a vida e a morte e ter essa consciência é fundamental para termos o máximo cuidado naquilo que fazemos

Saber que se fez tudo o que se podia, não descarta a culpa e o remorso. O questionamento e a dúvida permanente devem fazer parte do nosso dia a dia. Acompanhar os doentes é um desafio e lidar com as consequências dessa intervenção é um desafio acrescido. Se o primeiro é muitas vezes partilhado por uma equipa multidisciplinar, o segundo é vivenciado e gerido individualmente. É também por isto que esta é uma profissão de intenso desgaste emocional




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