23 de fevereiro de 2016

Solidão



Decides ir almoçar com o filho a um grande centro comercial, escolhes lugar ao lado de um Senhor idoso e cinco minutos depois o idoso dirige-se a ti. Para não seres mal educada e, até porque gostas mesmo de conversar, seja com quem for, respondes, e a partir daí lá se vai o momento mãe/ filho. A refeição é toda acompanhada pelas histórias do teu vizinho, desde o aniversário da morte da mãe (fazia 20 anos que a Senhora tinha falecido), o namoro com a mulher, a ida para a tropa, a guerra, o trabalho, os filhos, as dificuldades da vida, a reforma, o cancro que o consome, o tabaco que foi obrigado a deixar, a viuvez, enfim, toda uma vida de alegrias e tristezas, de vitórias e angústias, contada, de forma apressada, a uma estranha que calhou parar para o escutar. Quando me levanto agarro-lhe na mão para me despedir dizendo-lhe que gostei muito daquele bocadinho e que lhe desejo as maiores felicidades e ele retém-me a mão, mais tempo do que o necessário, e o coração torna-se pequenininho perante a percepção que ele quer apenas prolongar uns segundos mais algum calor humano, algo que há muito não tem com certeza. Fico triste, muito triste!

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