18 de maio de 2015

Uma reflexão mais ou menos filosófica

 

Num curto espaço de tempo algumas pessoas que me são próximas, com casamentos aparentemente estáveis e longos, decidem separar-se, e eu fico meio à toa com essas decisões.

Será que pensamos nas nossas relações e entendemos o que se passa com elas? As criticas, as acusações, os silêncios, os pedidos, as exigências são prejudiciais, mas as pessoas não se querem afastar desses comportamentos com medo de serem rejeitados e do sofrimento que essa rejeição comporta. É a velha atitude de manter o que está, mesmo que errado, porque sair da zona de conforto assusta. E acumulam-se zangas, raivas, desesperança... até que um dia tudo rebenta e já nada mais há para consertar.

É muito fácil atacar para induzir culpa ou pior castigar com silêncios prolongados como se o outro não interessasse. É fácil magoar e às vezes a mágoa é tanta e tão amiúde que se torna irremediável. Assume-se uma posição de credor, num balanço desequilibrado, como se se pudesse medir o amor e o que se dá ficasse em divida. Assume-se uma superioridade em relação ao outro, menosprezando-o, como se essa atitude trouxesse algo de bom no futuro. É uma arrogância desmesurada e inútil que tudo destrói.
Pedir um abraço, um beijo, um carinho torna condicionado o que deveria ser espontâneo. Qual o objectivo de pressionar, de impor resultados, de controlar o que não o deveria ser?
É perigoso e desajustado se amamos alguém que criámos dentro e que não existe fora. Como distinguimos essa fantasia e aceitamos o que existe com suas imperfeições e desejos contrários?

O que nos magoa normalmente é a frustração das expectativas criadas. Se eu não esperar nada tudo o que vier é ganho. Já se eu esperar do outro determinadas atitudes, pensamentos e sentimentos e eles não se concretizarem como eu os idealizei a probabilidade de me sentir magoada porque incompreendida é grande. Esperar algo talvez não seja o caminho. Dar e não esperar nada em troca é o exercício de amor mais difícil de realizar.




2 comentários:

  1. Lindo texto e é de facto uma reflexão pertinente.
    É de facto difícil dar sem receber nada em troca. Mas a meu ver, fazer o outro feliz traz sempre algum retorno. Sentimos-nos bem por fazer a feliz a pessoa que amamos e é das melhores sensações do mundo. Claro que devo ressalvar que isto é bom quando a pessoa nos ama de volta e quando há um esforço de ambas as partes para que tudo se mantenha "nos trilhos". Este tema é tão relativo que poderíamos estar a falar dele eternamente.
    Beijinho grande

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    1. Concordo em absoluto contigo, Elisabete, fazer feliz quem amamos devia ser suficiente e muitas vezes é, O pior mesmo é quando começam as cobranças, as zangas mal resolvidas, as frustrações pelo que se idealizou e não a aceitação da realidade e do outro em pleno. Tanto para dizer e para reflectir. No fundo acho que não há receitas, cada casal deve encontrar o equilíbrio na relação e a sua própria felicidade.

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