10 de março de 2015

Divagando


Depois de uma intensa conversa com uma grande amiga em que falámos sobre tudo e nada, em confidências partilhadas no embalo de uma dor, fiquei a ruminar no que foi dito e concluo que o ser humano é de facto um bicho estranho: tem uma capacidade única de sobreviver e superar o sofrimento, de se superar quando isso é mesmo preciso e de levar por diante rotinas como se essas rotinas fossem os fios invisíveis que o prendem à vida. Se pelo pensamento passam ideias pouco saudáveis de libertação o coração mantém-se firme no apego ao vazio. Um vazio tão grande que tudo preenche numa contradição aparente que só quem por lá passou compreende.  Por outro lado, quem teve a felicidade de não conhecer tal dor dificilmente lida bem com quem está no abismo. Há todo um ritual social de aparente aconchego e conforto. mas que é mesmo só aparente porque a grande maioria afasta-se, foge, como se a dor fosse um qualquer vírus contagioso e o simples facto de se dar um abraço pudesse pôr em perigo as  suas vidas mais ou menos arrumadas. Não consigo compreender. Somos de facto estranhas criaturas.



Sem comentários:

Enviar um comentário