23 de março de 2015

Varandas e marquises

Adoro este anúncio que promove a defesa da varanda e não da marquise. Uma das coisas que sempre admirei nos espanhóis, entre muitas outras, são as varandas que têm que que fazem questão de embelezar com toldos, chapéus e flores. Muitas vezes percebe-se que é o arquitecto ou o condomínio que define a cor e modelo dos toldos e até mesmo do tipo de vasos e das flores. Ficam lindas e assiste-se a um quase concurso de beleza entre edifícios e ruas, cada um mais enfeitado e cuidado que o outro.

Aqui, em Portugal, não. Temos a mania de fechar as varandas e nem o tipo de marquise conseguimos coordenar. O que observamos é que cada um escolhe a marquise que gosta mais, coloca mais ou menos vidros, mais ou menos divisórias, com vidros e alumínios de diferentes cor e qualidade,  mais  persiana ou cortina, umas lisas outras às riscas ou quadrados, sem qualquer regra estética ou pré definição. Cada qual  é escolhida ao gosto e vontade do freguês e é ver a descoordenação total.

Impera a anarquia e os prédios tornam-se ainda mais caixotes do que eram à partida. Eu gosto do espaço aberto e solarengo. Tenho na minha varanda flores, uma mesa e duas cadeiras e é um local onde passo largos minutos a ver a paisagem, a ler ou apenas a contemplar o infinito e a deixar correr a imaginação. Gosto da sensação do sol, do vento e até da chuva. Gosto de ver e poder ser vista. Gosto da sensação de liberdade que o espaço aberto me dá.


20 de março de 2015

Superação


Dia Internacional da Felicidade


ÍNDICE DE FELICIDADE: EM VEZ DO PIB, O QUE VALE É O FIB
(Felicidade Interna Bruta)
Butão localiza-se entre a China ao norte e oeste, e a Índia ao leste e sul. É um país pequeno e curioso, com uma população de cerca de 700 000 habitantes. O índice mais importante é da Felicidade Interna Bruta (FIB).
A primeira vista não dá para entender a contradição: como um dos países mais pobres (de acordo com a ONU) pode figurar entre os dez mais felizes do mundo (segundo pesquisa realizada pela Universidade Britânica de Leicester) Ao visitar o Butão, descobre-se a façanha.
O segredo é que a felicidade é levada tão a sério que o país é o único no mundo a ter medida para esse sentimento. Ou seja, foi adoptada a política do Gross National Happines que significa "Felicidade Interna Bruta" e mede a qualidade de vida da população, e não os valores materiais. Assim, em vez do PIB, o que vale é o FIB.
Alguém arrisca um número para o FIB português?


19 de março de 2015

Dia do Pai


 
Pai não é coisa de um dia, são pensamentos, palavras e acções. Sementes plantadas ao longo do tempo. Estar presente mesmo ausente, sintonia perfeita, alma encontrando alma! Uma conexão espiritual. Apoio, carinho, Amor... Uma mão segura, um ombro amigo e lágrimas de pura emoção...
Amo-te.



18 de março de 2015

Cinema em casa

Despachei mais 2 filmes que estavam há muito na lista à espera.


O Protector, é um daqueles filmes de acção que nos chama por ter no elenco o Denzel Washigton. Pensado para ser comercial, cumpre o seu papel. Tem algumas cenas bastante exageradas mas é um filme que nos dá o que promete. Gostei.


Não me desiludiu nada, é exactamente como esperava. Emotivo, realista, com uma notável interpretação da vencedora do óscar. É daqueles filmes que nos deixa nostálgicos e nos faz questionar a vida, as memórias a entrega dos outros. Gostei muito.



17 de março de 2015

Sou digno de mim própriio


A palavra dignidade é a que melhor descreve a vida de dois homens que vivem debaixo da ponte e que nos foram ontem apresentados na TVI, numa excelente reportagem, conduzida por Catarina Canelas com imagem de José Chorão. São dois amigos, o Juan e o Fernando, que aparentemente nada têm em comum, a não ser um destino cruel de sem abrigo, que se entre ajudam e partilham lutas e tristezas. Vivem em condições sobre humanas mas não perderam a dignidade e os valores mais puros da humanidade. Sofrem. Riem. Choram. Rezam. Esperam um amanhã melhor e não desesperam. Uma lição para muitos de nós que desistimos perante algumas pequenas adversidades da vida e que permanentemente nos queixamos da pouca sorte que temos quando afinal temos tanto.

Vale a pena ver. Aqui.


Carta aberta a alguém



Naquele dia vi a desilusão no teu olhar e confirmei-a com as palavras que se seguiram - fico tão triste porque ninguém se interessa, ... ninguém está interessado em ler nada ...em acompanhar nada. 
Foram palavras que saíram do fundo do coração e a tristeza que traziam era quase palpável e eu fiquei também profundamente triste pela desilusão causada.
Antes, há muito tempo atrás, conseguia ler no teu olhar promessas mudas e esperança de um orgulho. Nunca o expressaste e por isso apenas o intuí, mas nunca antes a descrença e a desilusão foram tão grande. 

Quando te sentes assim triste eu também o sinto, quase como que por osmose. Triste porque não sou o que querias que fosse. Triste porque nunca ouvi da tua boca as palavras que mais desejei ouvir um dia, de uma das pessoas mais importantes da minha vida.
Esperei tanto por essas palavras e elas não chegaram nunca. Agora já desisti delas. Aprendi a viver sem elas, mas doeu durante muito tempo ver o desencanto no teu olhar. Quiseste tanto que seguisse determinado caminho e não aceitaste que não o fizesse. Os filhos, esses seres independentes, com vontade e sentimentos próprios, com sonhos, têm o condão de não fazerem o que queremos que façam. Sinto que nunca procuraste ver para além do óbvio, nunca procuraste saber a verdadeira motivação.

Fico triste com a tua tristeza. Sinto-me triste porque a vida nos afastou e não tive tempo de te explicar tanta coisa que queria. Não tive tempo de te dizer que ser mãe e mulher me completa. Que os meus filhos foram todos muito desejados e que por eles sacrifiquei muita coisa, inclusive alguns dos sonhos que tinha, mas vê-los crescer de perto é algo que me enche de orgulho porque tenho a certeza que alguma coisa estou a fazer bem feito. Sempre soube que os filhos não são uma extensão dos pais, os filhos não devem ser projectos dos pais, os filhos são diferentes de nós, diferentes do que queríamos para eles e isso não os faz melhor ou piores, apenas diferentes das expectativas criadas. Quereres que seja igual a ti não é justo.Quereres que eu queira o mesmo que tu é algo que não acontecerá para minha/ nossa infelicidade. 

Não me julgo menos por ser quem sou e penso que consegui muita coisa importante. Sou boa no que faço e no que gosto e não percebo tanta desilusão. Para ti, nunca fui suficiente. Nunca fui suficientemente boa, suficientemente capaz, suficientemente inteligente, suficientemente motivada, suficientemente  trabalhadora, etc, o rol é infindável. Mas vou contar-te um segredo, fiz muitas coisas boas das quais me orgulho. Sobrevivi a muitas dores ao longo do meu percurso e cresci e amadureci e isso faz-me valorizar coisas menores que a ti nada dizem. Foste sempre pedra basilar, apoio e conforto e é uma dor imensa não ter conseguido dar-te o que precisavas e ser quem querias que fosse, mas estou feliz em ser quem sou.

 

13 de março de 2015

Triplo Filtro


Somos seres sociais por natureza. Gostamos de nos agrupar e da sensação reconfortante de pertença que isso nos dá, mas temos tendência para a cusquice e para a fofoca e esquecemo-nos, muitas vezes, do bom senso e do quão destrutivas e humilhantes podem ser determinadas coisas. Se usássemos esta regra do triplo filtro mais vezes provavelmente evitaríamos alguns dissabores.


Na Grécia Antiga, Sócrates detinha uma alta reputação e era muito estimado pelo seu elevado conhecimento.
Um dia, um conhecido do grande filósofo aproximou-se dele e disse:
- Sócrates, sabe o que eu acabei de ouvir acerca daquele teu amigo?
- Espera um minuto, respondeu Sócrates, antes que me digas alguma coisa, gostaria de te fazer um teste.
Chama-se o Teste do Filtro Triplo.
- Filtro Triplo?
- Sim, continuou Sócrates, antes que me fales do meu amigo talvez fosse uma boa ideia parar um momento e filtrar aquilo que vais dizer. Por isso é que eu lhe chamei o Filtro Triplo. E continuou:
- O primeiro filtro é VERDADE. Tens a certeza absoluta de que aquilo que me vais dizer é perfeitamente verdadeiro?
-Não, disse o homem, o que acontece é que eu ouvi dizer que...
- Então, diz Sócrates, não sabes se é verdade. Passemos ao segundo filtro, que é BONDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo é bom?
-Não, muito pelo contrário...
- Então, continuou Sócrates, queres dizer-me algo mau sobre ele e ainda por cima nem sabes se é ou não verdadeiro. Mas, bem, pode ser que ainda passes o terceiro filtro. O último filtro é UTILIDADE. O que me vais dizer sobre o meu amigo será útil para mim?
-Não, acho que não...
- Bem, concluiu Sócrates, se o que me dirás não é nem bom, nem útil e muito menos verdadeiro, para quê dizer-me?


10 de março de 2015

Divagando


Depois de uma intensa conversa com uma grande amiga em que falámos sobre tudo e nada, em confidências partilhadas no embalo de uma dor, fiquei a ruminar no que foi dito e concluo que o ser humano é de facto um bicho estranho: tem uma capacidade única de sobreviver e superar o sofrimento, de se superar quando isso é mesmo preciso e de levar por diante rotinas como se essas rotinas fossem os fios invisíveis que o prendem à vida. Se pelo pensamento passam ideias pouco saudáveis de libertação o coração mantém-se firme no apego ao vazio. Um vazio tão grande que tudo preenche numa contradição aparente que só quem por lá passou compreende.  Por outro lado, quem teve a felicidade de não conhecer tal dor dificilmente lida bem com quem está no abismo. Há todo um ritual social de aparente aconchego e conforto. mas que é mesmo só aparente porque a grande maioria afasta-se, foge, como se a dor fosse um qualquer vírus contagioso e o simples facto de se dar um abraço pudesse pôr em perigo as  suas vidas mais ou menos arrumadas. Não consigo compreender. Somos de facto estranhas criaturas.



9 de março de 2015

Em modo ovo podre



Ando em modo ovo podre em relação ao ginásio. Já a semana passada iniciei o treino de 4ª feira mas depressa me senti exausta e sem vontade de continuar. No sábado ainda fui correr, mas hoje, de volta ao treino no ginásio, a vontade era nula. Obriguei-me a ir porque compromissos são compromissos e não gosto de falhar mas fui sem energia. A Carlota, com toda a sua sabedoria, resolveu dispensar-me durante uma semana e meia. As saudades que vou ter dela, meu Deus, não sei como vou aguentar, mas é de facto a melhor decisão a tomar. Estou desmotivada, sem energia, cansada até aos ossos. Só espero que esta paragem não piore ainda mais a ausência de resultados. A ver vamos!



6 de março de 2015

In love




Não sei que se passou com o meu coração
Que só sabe sentir esta grande paixão
Eu hoje só sei ver a luz do teu olhar
Só sei olhar para ti, viver para te amar

Tenho ciúmes das pedras que tu pisas
Do ar que respiras e até das fracas brisas
Tenho ciúmes do sol, da lua cheia
De tudo que te toca, da luz que te rodeia

Dos próprios sonhos que tu idealizas
Tenho ciúmes das pedras que tu pisas

Não sei que se passou desde que te vi
Só sei que o meu olhar só sabe olhar para ti
A minha vida é tua e o meu coração
Fugiu já do meu peito, está na tua mão


4 de março de 2015

A mulher perfeita


Nasrudin conversava com um amigo:

– Então, Mullah, nunca pensaste em casamento?

– Muito. – respondeu Nasrudin – Em minha juventude, resolvi conhecer a mulher perfeita. Atravessei o deserto, estive em Damasco e conheci uma mulher espiritualizada e linda; mas ela não sabia nada das coisas do mundo. Continuei a viagem e fui a Isfahan; lá encontrei uma mulher que conhecia o reino da matéria e do espírito, mas não era bonita. Então resolvi ir até o Cairo, onde, finalmente, jantei na casa de uma moça bonita, religiosa e conhecedora da realidade material.

– E por que não casaste com ela?

– Ah, meu companheiro! Infelizmente ela também procurava um homem perfeito.

 (Paulo Coelho)


O problema deste cavalheiro era a demasiada idealização do objecto de amor. Não é errado ter uma ideia de quem se deseja para parceiro, fazer listas mais ou menos conscientes e elaboradas das características que se procura no outro, mas quando a idealização é extrema corre-se o risco de nunca ninguém ser suficientemente bom. 

A idealização, como o nome indica, é a busca do ideal, da perfeição, e é claro que perfeição não existe. A idealização mais não é do que atribuir aos objectos de apego (leia-se, as pessoas de quem gostamos) apenas características positivas e não conseguir ver para além disso. 

Toda a gente tem qualidades e defeitos e quando se ama, ama-se o todo e não apenas determinadas partes. O importante é aceitar o outro e procurar compreende-lo na globalidade. E achar que a galinha da vizinha é sempre melhor que a minha leva a sentimentos de insatisfação e infelicidade permanentes. É importante que se lembrem do que vos fez apaixonar por determinada pessoa e não estar a olhar em volta à procura de algo melhor ou a saltar de relação em relação porque parece que a próxima é que é. Quando isso acontece, normalmente estamos perante pessoas inseguras e imaturas e quase sempre perante demasiada idealização.


3 de março de 2015

Vamos falar de sexo # 8

 

Uma das diferenças relatadas pelos casais é a frequência da relação sexual. Enquanto que as mulheres consideram a relação sexual como um prolongamento de uma intimidade emocional pré existente, os homens estão normalmente predispostos para o sexo mesmo se a relação estiver mais fria. Para os homens parece não ser importante o romance, o envolvimento emocional porque, mesmo quando ele não existe, a vontade sexual ainda prevalece e o sexo é para eles uma forma de restaurar a intimidade.

John Gray, autor do livro "Os Homens são de Marte, as Mulheres são de Vénus" refere que, numa relação em que os parceiros vivem na mesma casa, o ressentimento atinge as mulheres quando não há namoro e atinge os homens quando não há sexo.

Que podemos, então fazer, com estas posições diferentes?
Se pensarmos, facilmente verificamos que entramos num circulo vicioso. O homem zanga-se e quer sexo para restaurar a intimidade, a mulher zangada e nega sexo. A ausência de sexo faz aumentar a zanga entre parceiros, há um que deixa de namorar a mulher e outro que nega a relação assim se cava ainda mais o fosso entre eles. Quanto mais afastados, mais "dores de cabeça" tem a mulher e maior o afastamento do homem e assim, sucessivamente, num circulo sem fim, a menos que alguém o interrompa.

Primeiro, é preciso parar e tentar perceber qual a sua responsabilidade no caso, sem atirar culpas ao outro, depois, aceitar a responsabilidade conjunta e, em simultâneo, trabalhar para construírem uma relação mais sólida e mais intima. Perceber que têm necessidades diferentes e que essas expectativas têm de ser compreendidas e aceites por ambos é fundamental. No fundo, aceitar o outro na sua diferença e perguntar-se "o que posso fazer de diferente?" ou " o que quero que me faz falta?" e depois discutirem, calmamente sobre isso. São duas perguntas básicas em que podem reflectir e responder em conjunto.
 
Quando ambos os parceiros estão demasiado zangados, magoados e ressentidos, às vezes a resolução do problema torna-se difícil e é mesmo necessário recorrer a ajuda externa.



2 de março de 2015

O sofrimento escondido


A semana passada duas noticias abordavam esta realidade do sofrimento em silêncio, escondido do mundo, de um lado por vergonha e medo do outro por incompreensão da sociedade.

A primeira, sobre o suicídio da Dra. Tutti Frutti, da operação Nariz Vermelho, a actriz Maria Zamora, incide, uma vez mais, sobre a violência doméstica. Parece que a actriz já tinha feito queixa na policia e tinha mesmo uma ordem de restrição em relação a um ex namorado que, aparentemente a atormentava com perseguições e ameaças várias que a impediam de viver na sua própria casa, encontrando-se a viver em casa de amigas para fugir a esse pesadelo. Pelos vistos, o tormento foi demasiado e a Maria não aguentou a pressão, tendo o suicídio como solução.
É pena que as mulheres ainda tenham de viver estas situações escondidas. É pena que a Maria não tenha falado publicamente sobre o assunto e não tenha tido o apoio e o conforto que merecia. É pena que estes monstros continuem a fazer uma vida normal, como se nada fosse, e as suas vitimas se vejam de tal forma encurraladas e sem saída que apenas consigam vislumbrar uma solução limite. E depois chamam-lhe amor. Qual amor, qual carapuça. Quem ama cuida não magoa.


A segunda, sobre a petição lançada pela Associação Projecto Artémis (A-PA) é a criação de um Dia Nacional para a Sensibilização da Perda Gestacional - a ser comemorado a 15 de Outubro.
A perda gestacional é uma situação de dor brutal para quem a vive e de aparente não compreensão por parte de todos os outros, que não a aceitam como aquilo que é, a perda de um filho. Quem a sofre não encontra nem nos amigos nem na família e muito menos na sociedade a solidariedade devida. É uma dor menosprezada, diminuída, porque se refere a um ser que ainda não nasceu. É normal as pessoas desvalorizarem o que a mulher está a passar com palavras do tipo "deixa lá, depois arranjas outro" ou "antes agora do que depois". A mulher sente que não tem espaço para fazer o luto, acaba por esconder o sofrimento e vivê-lo sozinha, sem qualquer apoio. Esta ideia de se criar um dia nacional para a sensibilização da perda gestacional pode ser o inicio de um espaço de partilha para as mães em luto e de mudança de mentalidades para todos os outros.