13 de fevereiro de 2015

Sandra também comenta as 50 sombras de Grey


Não entendo esta onda anti 50 sombras de Grey que se instalou neste mundo virtual. De repente parece que toda a gente diz mal do livro, do filme e de quem eventualmente se atreve a dizer que leu e, (pasme-se!), gostou.
Há por todo o lado movimentos anti 50 sombras. São imensos os intelectuais ofendidos com a falta de estilo literário da obra, chegando mesmo a querer comparar a autora a Dostoiévski ou Mark Twain e insurgindo-se com todos aqueles que têm a ousadia de afirmar que leram e gostaram.
Faz-me lembrar os bons velhos tempos dos sucessos da Margarida Rebelo Pinto. A mulher vendia que se fartava mas toda a gente dizia mal e ninguém era capaz de afirmar que lia.

Ora bem, eu confesso, li Margarida Rebelo Pinto e gostei e li E. L. James e gostei. Gosto de ler, leio muito e tanto leio os grandes autores como os pequenos e médios. Tanto leio russos como portugueses, brasileiros e argentinos, espanhóis e suecos, tudo. Leio os clássicos, os vencedores do prémio Nobel e os desconhecidos. Leio aqueles de que ninguém fala e aqueles que todo o mundo comenta. Gosto de variar e entre uns mais sérios, densos e intensos também leio outros mais ligeiros. Não tenho qualquer pretensão de ser mais do que ninguém porque leio e gosto de ler mas também não me acho menos do que ninguém por ter gostado das cinquenta sombras. Li, gostei, vou ver o filme com o meu marido e espero também gostar. 

Tanto barulho por nada faz-me confusão. Querem ver que já vamos, em Portugal, na 34º edição do livro e fui eu que os comprei todos. Querem lá ver que o enorme sucesso mundial da autora se deve apenas às donas de casa sexualmente frustradas. Não posso deixar de achar engraçado que são as mesmas pessoas que defendem a existência de um dia dos namorados como pretexto para o casal sair da rotina que se escandalizam com o sucesso das 50 sombras. Se a trilogia apenas servir para abrir mentalidades, tornar o diálogo sexual mais franco, redimensionar a relação do casal, fomentar fantasias ou tornar menos frustradas as donas de casa não é mau. Se, para além disso, conseguir que alguém se liberte de preconceitos, acho fantástico.

6 comentários:

  1. Eu li a trilogia de rajada! Estava muito curiosa para perceber se aquilo iria ter um twist e uma explicação para as "sombras" do Christian, Felizmente o twist acontece, e a explicação para as manias controladoras da personagem também. É preciso perceber que não se trata de alguém que é assim porque quer... e a personagem da Anastacia teve o dom de desvendar isso. Para mim, é isto que enriquece a história, a complexidade psicológica da personagem do C Grey, as vivências, os traumas, o perceber por que é que ele é assim... E a volta que a Anastacia lhe dá!!!

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    1. Pois, Limonada da Vida, eu também li e gostei e não acho que se deva inferiorizar ninguém por isso. É como dizes, a história é bem mais complexa do que parece e a mim pessoalmente interessou-me. Está na moda dizer mal só porque sim

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  2. Bem vinda Maria João Madureira. Obrigada pelo comentário

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  3. Oi Sandra, acompanho e que você escreve e curto muito!
    Sabe, o que vejo principalmente entre os jovens não é o choque com a questão do BDSM, que aliás veio sendo desmistificado com a presença do livro. Ainda bem! haha O que vejo é que muitas pessoas falam que se o livro tratasse apenas nesse aspecto, não teria problema.
    A grande questão que percebo ser discutida é o lance do contrato sexual que Anastasia faz, sem saber ao certo ao que se submete... E alguns comportamentos do Grey simulam a dominação para além da cama, como se fosse um tipo de submissão que chega a soar abusiva. Não sei, me incomoda bastante nesse sentido.
    Literatura erótica é lindo, mas 50 shades me soou machista para que eu conseguisse ler sem me sentir incomodada. O que você acha?

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    1. Ainda bem .que gostas do que escrevo, é um prazer escrever e saber que gostas é muito bom.
      Quanto à tua pergunta, eu li e gostei,como já disse e o que me interessou fundamentalmente foi tentar perceber o funcionamento psicológico das personagens e tentar descobrir e perceber o porquê daquela relação. Para mim, o livro é mais complexo do que parece e não é apenas sobre dominio e submissão, é sobre a complexidade e as fragilidades do ser humano. Foram esses os aspectos que mais me cativaram.

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