28 de janeiro de 2015

Tia Mimi

 
 
Sou o 112 para muita gente e já estou habituada a ser chamada em casos de urgência familiar. Quando há um problema de saúde que exige tratamento hospitalar, conversas com médicos e decisões terapêuticas, sou normalmente nomeada para ficar de plantão. Ontem não foi excepção e, quando a nossa querida tia caiu na rua e sentiu que algo não estava bem, lá chegou o telefonema para me pôr a caminho.

Quando consegui chegar junto dela, avaliei a situação e perante a ausência de dor pensei não ser nada de muito grave e ala para o Hospital Lusíadas para tentar fugir às enchentes nas urgências públicas de que ouvimos falar quase diariamente. O atendimento foi 5 estrelas em termos humanos, mas a espera foi igualmente prolongada, cerca de 3 horas) e não me parece que tenha lucrado nada em fugir do público.

Quando chegou o diagnóstico de fractura do colo do fémur, decidi pedir a transferência para o Hospital de Santa Maria, por uma questão financeira, e aí é que a porca torceu o rabo com o médico assistente a pressionar para que a retirada da paciente da unidade onde trabalha não fosse feita. Arrogante, mal criado, carrancudo (só para ficar pelo mais soft) não negou o pedido mas o tratamento exemplar que até aí nos tinham habituado esfumou-se como que por magia. Deixaram de explicar o que quer que fosse, deixaram-nos à espera e nem tiveram a amabilidade de informar que o pedido de ambulância para efectuar o transporte entre hospitais era nossa responsabilidade. Desiludiram-me e não fiquei de todo cliente.

Chegadas a Santa Maria o atendimento foi super rápido. O tempo de espera da triagem era de 1 minuto, ganhámos uma pulseira amarela e em menos de nada estávamos a tirar raio x e a ser atendidas na consulta de ortopedia por um médico super simpático e disponível que nos explicou todo o procedimento e lamentava não ter capacidade para agilizar o processo porque se debatem com as já conhecidas dificuldades financeiras.  Desde que  entrámos, até ter ficado decidido o internamento, e estarmos despachadas de todos os exames clínicos e radiológicos necessários para a cirurgia, passaram as mesmas 3 horas que demorámos a ser atendidas no hospital privado. Bad, bad decision!

A necessária cirurgia será daqui a 5/7 dias porque não têm nem próteses nem bloco operatório disponível. Uma vergonha! Mas como diz o outro, "não é possível fazer omoletes sem ovos" e quem sofre, como sabemos, é sempre o mesmo. Em contrapartida, devo dizer que o atendimento humano superou tudo o que estava à espera. Amáveis, disponíveis, preocupados com o nosso bem estar.

Nota-se que as noticias que têm sido divulgadas, pondo em causa o seu profissionalismo, os afecta e  tudo fazem para contrariar a ideia implantada em nós. Confesso que eu própria estava contaminada com o bombardeamento de noticias a que somos sujeitos sobre o mau funcionamento do nosso sistema de saúde e que isso aguçou o meu olhar critico, constantemente alerta para algo que estivesse menos bem e, faço. desde já, aqui, mea culpa, essa pressão é totalmente injusta e desumana.

Todos os profissionais com que me cruzei desde os seguranças, auxiliares, enfermeiros, outros técnicos de saúde e médicos, todos eles, sem excepção, foram de uma entrega e simpatia totais. Este hospital, o Santa Maria, tem acolhido muitas vezes elementos da família em dificuldades e deixa-me sempre com boa impressão. Nunca, até hoje, fui mal atendida.

O resto da história é história. Internamento feito, tia confortável, sem dores, lista de pedidos e conversas telefónicas concluídas e ala para casa para um jantar em família.



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