30 de janeiro de 2015

Pior treino de sempre

 

Quando a Carlota entra com um sorrisinho cínico e promete "hoje vai ser giro", já sei que estou lixada. Bem dito e mal feito. Saí de rastros. Sabem quando ficam de quatro no chão, sabem que têm de se levantar e as pernas não obedecem? E aquela sensação, mesmo depois dos alongamentos e duche, de que cada perna pesa no mínimo 100 quilos e que temos um qualquer magnético na sola dos pés que nos cola os ditos ao chão? Já nem me atrevo a falar dos braços, estilo gelatina, a tremerem sem ninguém lhes tocar, como se tivessem vida própria. Um horror. Foi o pior (ou melhor!) treino de sempre. Gosto tanto!


29 de janeiro de 2015

Uma aventura no Parque das Nações

 

Entrei no ginásio sem grande disposição e a pensar em fazer um treino mais soft do que o costume. Doíam-me tremendamente os gémeos de ter estado em pé, de saltos altos, mais de oito horas e não ter tido grande noite de sono. Às vezes queremos e não nos apetece outras vezes queremos e não podemos. No meu caso, ontem, apareceram as duas condições em simultâneo. Não me apetecia nem podia grande coisa.

Desafiada pela minha querida PT que percebeu o estado anímico em que me encontrava, metemos pés à estrada e desatámos a correr, assim, sem mais nem menos, e sem nenhuma preparação psicológica para o efeito. Como sempre, duvidei do que seria capaz de dar e lamentei o facto de lhe ir estragar o treino mas, perante a insistência dela, fui. A Carlota tinha traçado como objectivo chegarmos a determinado ponto e esforcei-me para o alcançar, mas como é costume na menina, quando lá chegámos o objectivo andou um belos metros. Como que por magia. Raios da mulher que não sabe o que quer! Fico mesmo danada quando isso acontece.

Tínhamos corrido 14 minutos e o ar faltava-me no peito, a garganta secava e eu a inspirar qual peixe fora de água, um drama. Começámos a andar numa vã tentativa de recuperar o fôlego e a Carlota olhava para o relógio a cada segundo. (pelo menos era o que me parecia). Perguntei-lhe qual a pressa e a resposta não se fez esperar - cinco minutos de descanso e recomeçamos, é justo, não?

Sinceramente, não vi qualquer justiça na decisão unilateral mas como nem respirar conseguia a força para argumentar não era nenhuma. Ainda não tinham passado os ditos cinco minutos que me tinham sido prometidos (foi o que me pareceu, juro!) e a maldita mulher já saltitava alegremente a meu lado - vamos lá, está na hora!. As pernas resistiam a responder mas lá me meti a caminho.

Não sei quanto mais aguentei. Diria que largos minutos mas parece que no fim de contas não foram tantos como isso, uns míseros dez, foi o que consegui. Pedi misericórdia e andámos o resto do tempo de volta ao nosso destino para alongamentos e duche.

Conclusão - a minha forma física é péssima e o sonho de correr uma maratona antes de morrer parece na verdade uma fantasia.

Nota mental - Aquilo que parece natural em nós, correr, em mim não é. Aprendi que não sei correr, tenho de alongar a passada e levantar mais os joelhos. Diz que é para poupar esforço. Ufa, nada nesta vida se consegue à primeira!


28 de janeiro de 2015

Selfies - uma reflexão

 

Este fenómeno generalizado de se tirar selfies por tudo e por nada, em qualquer lugar e a propósito de qualquer coisa é, a meu ver, preocupante. As pessoas expõem-se a troco de um like. Vivem obcecadas pela aceitação externa e sentem-se mal quando ela não chega, é o culto do parecer em vez do ser. Nos EUA, a Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva alerta para o “aumento nos pedidos de procedimentos porque os pacientes estão mais preocupados com os olhares nas redes sociais”. Leia mais sobre esse assunto aqui.

Na maioria das vezes as selfies mais não são do que um meio que as pessoas usam para atingirem um determinado fim - a busca da aprovação dos outros Ter admiradores, likes, comentários e pessoas de todos os quadrantes, que se conhece e não se conhece, a afirmar a sua admiração e a fazer comentários positivos é o que está na base deste comportamento que tem crescido e que ganha cada vez mais adeptos. Dar ao exterior, aos outros, tanto poder é, no mínimo, perigoso porque no dia em que tal resposta não acontece, em que as pessoas não comentam ou não ligam aos posts colocados, os autores ficam tristes, desiludidos e deixam que isso afecte a sua auto estima.

Segundo o dicionário de língua portuguesa, auto estima é o "apreço ou valorização que uma pessoa confere a si própria, o que lhe permite ter confiança nos seus actos e pensamentos"

Para a psicologia, auto estima é a valorização (de valor), normalmente positiva, que temos sobre nós. Trata-se da opinião emocional, não racional, sobre o conjunto das nossas características físicas, mentais e espirituais que no todo formam a nossa personalidade e é um sentimento que começa a surgir a partir dos 5/6 anos de idade e que se altera com o tempo.

Lendo e interiorizando estas definições, podemos perguntar-nos se as tais  pessoas que ligam e procuram tanto a aprovação alheia (as das selfies)  gostam e confiam em si o suficiente? Será que estas modas em vez de demonstrarem felicidade e segurança, como parecem à primeira vista, não demonstram exactamente o contrário? Será preciso que os outros digam que sou gira para eu achar o mesmo?

O trabalho de construção da auto estima tem de ser exactamente o contrário deste. Tem de passar pelo interior e não pelo exterior. Tem de vir do nosso esforço e não da nossa imagem. Ficar dependente da exposição aos outros e da sua aprovação é extremamente perigoso e efémero.  Só quando realizamos determinadas tarefas que nos fazem crescer e sentir bem na nossa pele,  quando encontramos dentro de nós a motivação para mudar e estabelecemos como prioridade o nosso crescimento como pessoas é que iniciamos o percurso que nos conduz ao bem estar e à felicidade.
zação que uma pessoa confere a si própria, permitindo-lhe ter confiança nos próprios .atos e pensamentos.

"autoestima", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/autoestima [consultado em 27-01-2015]
Não se iludam, crescer e ser feliz exige trabalho, empenho e motivação.
Apreço ou valorização que uma pessoa confere a si própria, permitindo-lhe ter confiança nos próprios .atos e pensamentos.

"autoestima", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/autoestima [consultado em 27-01-2015].
Apreço ou valorização que uma pessoa confere a si própria, permitindo-lhe ter confiança nos próprios .atos e pensamentos.

"autoestima", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/autoestima [consultado em 27-01-2015].

Apreço ou valorização que uma pessoa confere a si própria, permitindo-lhe ter confiança nos próprios .atos e pensamentos

"autoestima", in Dicionário Priberam da Língua Portuguesa [em linha], 2008-2013, http://www.priberam.pt/dlpo/autoestima [consultado em 27-01-2015].
 

Tia Mimi

 
 
Sou o 112 para muita gente e já estou habituada a ser chamada em casos de urgência familiar. Quando há um problema de saúde que exige tratamento hospitalar, conversas com médicos e decisões terapêuticas, sou normalmente nomeada para ficar de plantão. Ontem não foi excepção e, quando a nossa querida tia caiu na rua e sentiu que algo não estava bem, lá chegou o telefonema para me pôr a caminho.

Quando consegui chegar junto dela, avaliei a situação e perante a ausência de dor pensei não ser nada de muito grave e ala para o Hospital Lusíadas para tentar fugir às enchentes nas urgências públicas de que ouvimos falar quase diariamente. O atendimento foi 5 estrelas em termos humanos, mas a espera foi igualmente prolongada, cerca de 3 horas) e não me parece que tenha lucrado nada em fugir do público.

Quando chegou o diagnóstico de fractura do colo do fémur, decidi pedir a transferência para o Hospital de Santa Maria, por uma questão financeira, e aí é que a porca torceu o rabo com o médico assistente a pressionar para que a retirada da paciente da unidade onde trabalha não fosse feita. Arrogante, mal criado, carrancudo (só para ficar pelo mais soft) não negou o pedido mas o tratamento exemplar que até aí nos tinham habituado esfumou-se como que por magia. Deixaram de explicar o que quer que fosse, deixaram-nos à espera e nem tiveram a amabilidade de informar que o pedido de ambulância para efectuar o transporte entre hospitais era nossa responsabilidade. Desiludiram-me e não fiquei de todo cliente.

Chegadas a Santa Maria o atendimento foi super rápido. O tempo de espera da triagem era de 1 minuto, ganhámos uma pulseira amarela e em menos de nada estávamos a tirar raio x e a ser atendidas na consulta de ortopedia por um médico super simpático e disponível que nos explicou todo o procedimento e lamentava não ter capacidade para agilizar o processo porque se debatem com as já conhecidas dificuldades financeiras.  Desde que  entrámos, até ter ficado decidido o internamento, e estarmos despachadas de todos os exames clínicos e radiológicos necessários para a cirurgia, passaram as mesmas 3 horas que demorámos a ser atendidas no hospital privado. Bad, bad decision!

A necessária cirurgia será daqui a 5/7 dias porque não têm nem próteses nem bloco operatório disponível. Uma vergonha! Mas como diz o outro, "não é possível fazer omoletes sem ovos" e quem sofre, como sabemos, é sempre o mesmo. Em contrapartida, devo dizer que o atendimento humano superou tudo o que estava à espera. Amáveis, disponíveis, preocupados com o nosso bem estar.

Nota-se que as noticias que têm sido divulgadas, pondo em causa o seu profissionalismo, os afecta e  tudo fazem para contrariar a ideia implantada em nós. Confesso que eu própria estava contaminada com o bombardeamento de noticias a que somos sujeitos sobre o mau funcionamento do nosso sistema de saúde e que isso aguçou o meu olhar critico, constantemente alerta para algo que estivesse menos bem e, faço. desde já, aqui, mea culpa, essa pressão é totalmente injusta e desumana.

Todos os profissionais com que me cruzei desde os seguranças, auxiliares, enfermeiros, outros técnicos de saúde e médicos, todos eles, sem excepção, foram de uma entrega e simpatia totais. Este hospital, o Santa Maria, tem acolhido muitas vezes elementos da família em dificuldades e deixa-me sempre com boa impressão. Nunca, até hoje, fui mal atendida.

O resto da história é história. Internamento feito, tia confortável, sem dores, lista de pedidos e conversas telefónicas concluídas e ala para casa para um jantar em família.



26 de janeiro de 2015

Como são as sessões de psicoterapia

 

Uma das perguntas mais frequentes que me fazem é como é que são as sessões de psicoterapia. Há uma grande curiosidade sobre o assunto e a fantasia ás vezes é prejudicial. Acho que a maioria das pessoas ainda idealiza o divã de Freud, numa sala pequena, meio escurecida e com o terapeuta escondido atrás do paciente e sem grande intervenção. Para tentar desmistificar essa falsa ideia vou tentar descrever-vos uma sessão de psicoterapia regular. 

Há muitas modalidades de terapia, com várias orientações e princípios teóricos e cada uma delas requer um setting terapêutico próprio. Aquela que vos vou descrever é a que uso, a psicoterapia breve, com base analítica, e decorre numa sala / gabinete, habitualmente com pouco mobiliário, onde, no entanto não podem faltar pelo menos dois cadeirões para o doente e o terapeuta. Ficam normalmente frente a frente e a sessão desenrola-se. Dura aproximadamente 50 minutos embora a primeira sessão seja habitualmente mais alargada. Nesta primeira sessão, o terapeuta faz a anamnese (levantamento da história do paciente), informa-se sobre o motivo da consulta e quais as expectativas que o paciente traz. Traça com o doente o contrato terapêutico, onde são definidas periodicidade das sessões, preços e regime de faltas. Na sessão seguinte são estabelecidos os objectivos e estima-se a duração da terapia e a necessidade ou não de acompanhamento psiquiátrico simultâneo e a eventual necessidade de se chamar pais, irmãos, conjugues, namorados ou qualquer outra pessoa relevante para que a terapia seja terminada com sucesso. Para os doentes, as sessões são, aparentemente, simples conversas e o terapeuta pode, às vezes, fazer testes, recorrer a técnicas de relaxamento, comportamentais, hipnose, biofeedback e passar inclusivé trabalhos para casa.


Cinema em casa

 

Este fim de semana foi de cinema... três filmes em dois dias é obra.

Começámos com "Um Ano Muito Violento"  que conta a história de um casal de imigrantes que vive em nova iorque, em 1981, e que tenta salvar o negócio que tem, no ano mais violento da cidade em termos estatísticos e que, independentemente de tentarem levar uma vida limpa, são envolvidos também na corrupção e violência da sociedade em que vivem. Não gostei.



No sábado à noite queria ver um filme com o Miguel (fazer uma sessão de cinema com pipocas e tudo) e tinha planeado ver o filme dos pinguins, mas quando o começámos a ver percebemos que já o tínhamos visto no cinema o ano passado e resolvemos seleccionar outro. A escolha recaíu sobre "A Menina no País das Maravilhas"  porque me pareceu apropriado para a idade dele já que os actores eram maioritariamente crianças e o título remetia para o país das maravilhas. Puro engano. O filme conta a história de uma criança muito especial que luta diariamente para ultrapassar uma série de conflitos emocionais e, para isso, desenvolve rituais e comportamentos obsessivos. É rejeitada pelos colegas e sonha em fazer teatro na escola, onde desenvolve uma relação  especial com a professora de teatro, única pessoa que parece compreender o sofrimento em que vive. É uma história de dor e adaptação à realidade em que o sonho e a criatividade desempenham um importante papel. Gostei.

É claro que não era de todo filme para o Miguel que passado algum tempo me perguntou se podia ir para o quarto brincar. Tive pena de não ter sido uma boa escolha para ele mas fiquei muito sensibilizada quando o fui deitar e ele me perguntou se eu tinha ficado triste por ele não ter gostado do filme. O meu filho sensível, preocupado em não me magoar.  Para a próxima tenho de escolher melhor.

 

No domingo foi dia de "Um Santo Vizinho", um comovente filme sobre uma criança de 12 anos, filho de pais em processo de divórcio, que encontra num vizinho resmungão e trapaceiro o par ideal para enfrentar esta fase da vida menos boa. É um filme que nos ensina a ver para além do óbvio, a procurar o melhor em cada pessoa, independentemente das imperfeições que fazem parte do ser humano. Gostei muito.

 

 


23 de janeiro de 2015

Começar o dia com um abraço e um sorriso

 
Só mesmo tu para me dizeres dizeres palavras tão lindas e me fazeres recordar momentos belos.
Acredita que posso parecer distraída, mas sempre te ouço com o coração e às vezes ele fica bem encolhido quando vejo esses olhos lindos tão tristes.
Para mim serás sempre a minha menina, muito bem comportada, não muito dada a beijos e abraços, mas única. 

Sonho com os teus bracitos de volta do meu pescoço.
O teu aconchego todas as madrugadas ao meu lado, na cama.
O teu cheiro doce e maravilhoso.
Aluna atenta sempre foste e muito boa. No Amor tens nota máxima. Podes não demonstrar, como outras fazem, com festas, beijos e abraços, mas estás no bom caminho e a tua vida é um exemplo de uma Grande Mulher.
E agora espero estar aqui por mais uns longos anitos e sempre que precisares
Tens um colo para te aconchegar.
Um braço para envolver.
Uma palavra para confortar.
Um olhar para acariciar.
Uma gargalhada para animar.


 

Help!




Já alguma vez se cruzaram com pessoas ressabiadas que ficam verdes de inveja com a vossa felicidade? Como lidam com elas? Estou mesmo a precisar de orientações. E, pelo sim pelo não, já arranjei uma protecção porque no "creo en brujas, pero que las hay, las hay".


Dicas zen


Nada melhor que começar o dia com descontração para preparar o fim de semana.


21 de janeiro de 2015

Cinema em casa




Com o aproximar da entrega dos óscares é tempo de ver o máximo de filmes possíveis, dos que estão nomeados, para também poder opinar. Caminhos da floresta é a versão da Disney do cruzamento de várias histórias escritas pelos irmãos Grimm: Chapeuzinho Vermelho, João e o Pé de Feijão, Cinderela e Rapunzel e vale, essencialmente, pelo elenco de luxo e pela música. Meryl Streep como  Bruxa, Johnny Depp como  Lobo Mau, James Corden e Emily Blunt como o padeiro e a mulher, Anna Kendrick e Chris Pine como Cinderela e Príncipe Encantado, Mackenzie Mauzy e Billy Magnussen como Rapunzel e o Príncipe. Finalmente, Christine Baranski como Madrasta da Cinderela, Frances de la Tour como Gigante, Daniel Huttlestone como João e Lila Crawford como Chapeuzinho Vermelho.  É daqueles filmes que necessitam de um estado de espírito especial para se poder apreciar devidamente... ontem foi o dia.

Amor é .... # 4

 

... deixar que seja ela a escolher o filme.


20 de janeiro de 2015

Elogio ao Amor

Encontrei este texto, já antigo, e apeteceu-me partilhá-lo convosco porque nos faz reflectir sobre o assunto e é escrito por um notável autor.

Há coisas que não são para se perceberem. Esta é uma delas. Tenho uma coisa para dizer e não sei como hei-de dizê-la. Muito do que se segue pode ser, por isso, incompreensível. A culpa é minha. O que for incompreensível não é mesmo para se perceber. Não é por falta de clareza. Serei muito claro. Eu próprio percebo pouco do que tenho para dizer. Mas tenho de dizê-lo.
O que quero é fazer o elogio do amor puro. Parece-me que já ninguém se apaixona de verdade. Já ninguém quer viver um amor impossível. Já ninguém aceita amar sem uma razão. Hoje as pessoas apaixonam-se por uma questão de prática. Porque dá jeito. Porque são colegas e estão ali mesmo ao lado. Porque se dão bem e não se chateiam muito. Porque faz sentido. Porque é mais barato, por causa da casa. Por causa da cama. Por causa das cuecas e das calças e das contas da lavandaria.
Hoje em dia as pessoas fazem contratos pré-nupciais, discutem tudo de antemão, fazem planos e à mínima merdinha entram logo em “diálogo”. O amor passou a ser passível de ser combinado. Os amantes tornaram-se sócios. Reúnem-se, discutem problemas, tomam decisões. O amor transformou-se numa variante psico-sócio-bio-ecológica de camaradagem. A paixão, que devia ser desmedida, é na medida do possível. O amor tornou-se uma questão prática. O resultado é que as pessoas, em vez de se apaixonarem de verdade, ficam “praticamente” apaixonadas.
Eu quero fazer o elogio do amor puro, do amor cego, do amor estúpido, do amor doente, do único amor verdadeiro que há, estou farto de conversas, farto de compreensões, farto de conveniências de serviço. Nunca vi namorados tão embrutecidos, tão cobardes e tão comodistas como os de hoje. Incapazes de um gesto largo, de correr um risco, de um rasgo de ousadia, são uma raça de telefoneiros e capangas de cantina, malta do “tá bem, tudo bem”, tomadores de bicas, alcançadores de compromissos, bananóides, borra-botas, matadores do romance, romanticidas. Já ninguém se apaixona? Já ninguém aceita a paixão pura, a saudade sem fim, a tristeza, o desequilíbrio, o medo, o custo, o amor, a doença que é como um cancro a comer-nos o coração e que nos canta no peito ao mesmo tempo?
O amor é uma coisa, a vida é outra. O amor não é para ser uma ajudinha. Não é para ser o alívio, o repouso, o intervalo, a pancadinha nas costas, a pausa que refresca, o pronto-socorro da tortuosa estrada da vida, o nosso “dá lá um jeitinho sentimental”. Odeio esta mania contemporânea por sopas e descanso. Odeio os novos casalinhos. Para onde quer que se olhe, já não se vê romance, gritaria, maluquice, facada, abraços, flores. O amor fechou a loja. Foi trespassada ao pessoal da pantufa e da serenidade. Amor é amor. É essa beleza. É esse perigo. O nosso amor não é para nos compreender, não é para nos ajudar, não é para nos fazer felizes. Tanto pode como não pode. Tanto faz. É uma questão de azar.
O nosso amor não é para nos amar, para nos levar de repente ao céu, a tempo ainda de apanhar um bocadinho de inferno aberto. O amor é uma coisa, a vida é outra. A vida às vezes mata o amor. A “vidinha” é uma convivência assassina. O amor puro não é um meio, não é um fim, não é um princípio, não é um destino. O amor puro é uma condição. Tem tanto a ver com a vida de cada um como o clima. O amor não se percebe. Não é para perceber. O amor é um estado de quem se sente. O amor é a nossa alma. É a nossa alma a desatar. A desatar a correr atrás do que não sabe, não apanha, não larga, não compreende.
O amor é uma verdade. É por isso que a ilusão é necessária. A ilusão é bonita, não faz mal. Que se invente e minta e sonhe o que quiser. O amor é uma coisa, a vida é outra. A realidade pode matar, o amor é mais bonito que a vida. A vida que se lixe. Num momento, num olhar, o coração apanha-se para sempre. Ama-se alguém. Por muito longe, por muito difícil, por muito desesperadamente. O coração guarda o que se nos escapa das mãos. E durante o dia e durante a vida, quando não esta lá quem se ama, não é ela que nos acompanha – é o nosso amor, o amor que se lhe tem. Não é para perceber. É sinal de amor puro não se perceber, amar e não se ter, querer e não guardar a esperança, doer sem ficar magoado, viver sozinho, triste, mas mais acompanhado de quem vive feliz. Não se pode ceder. Não se pode resistir. A vida é uma coisa, o amor é outra. A vida dura a Vida inteira, o amor não. Só um mundo de amor pode durar a vida inteira. E valê-la também.” 
 Miguel Esteves Cardoso in Expresso



Cinema em casa



O filme escolhido foi Sniper Americano, de Clint Eastwood, com Chris Kyle no papel principal. Conta a história verídica do mais famoso sniper americano a quem foram atribuídos mais de 160 tiros certeiros nas suas quatro missões no Iraque, recebendo várias condecorações. Centrado na vida deste herói americano, retrata as angústias porque passa de cada vez que tem de decidir dar ou não o tiro, principalmente quando a decisão recai sobre matar ou não crianças que carregam nas mãos granadas ou colocar em risco os companheiros. Fica a dúvida  se na verdade este homem foi um herói ou um assassino. Gostei.


19 de janeiro de 2015

Novo outfit

Oferecido por alguém muito especial para manter a motivação. Prometo muito trabalho e suor.

Estou cansada - Parte II


Há dois dias publiquei os desabafos de uma mulher sofrida, cansada da vida e dela própria, em desespero e, aparentemente, sem saída. São os desabafos de uma paciente, publicados com a devida autorização, mas bem poderiam ser as palavras de muitas outras pessoas que, neste momento, se encontram a viver situações idênticas.

Bem sei que cada uma dessas pessoas acha que se encontra numa situação única, exclusiva e que ninguém é capaz de sentir ou compreender a forma como se sentem, mas esse pensamento é errado, como muitos outros que têm. Não estão sozinhas, não estão encurraladas e muito menos sem saída. Há, infelizmente, muita gente a pensar e a sentir o mesmo e, o mais importante de tudo, é perceberem que há solução.

Sentem-se sozinhas, com medo, desamparadas e deixando-se arrastar por este tipo de sentimentos, caem na doença e depois é muito difícil sair dessa espiral negativa e de sofrimento em que estão.

É importante perceberem que há saída, que há luz ao fundo do túnel, embora ainda não a vejam. É possível sorrir de novo e acreditar nisso é o primeiro passo. Se se reveem em algum ou alguns desabafos desta mulher, está na hora de procurarem ajuda e tomarem o controlo da situação.
- Não se isolem.
- Peçam ajuda!... à família, aos amigos, ao vosso médico, a um terapeuta.
- Falem sobre o que vos angustia.
- Verbalizem sentimentos.
- Alterem percepções.
- Não deixem o tempo passar porque quanto mais tarde, mais difícil é o retorno à saúde.



17 de janeiro de 2015

Estou cansada



Cansada de dar e não receber.
Cansada da incompreensão e da indiferença.
Cansada desta tensão no ar que de tão pesada é quase palpavel.
Cansada da critica constante, de não ser suficientemente boa ou capaz.
Cansada da ausência de partilha e do afastamento.
Cansada do controlo e contenção a que me obrigo.
Cansda de tudo aceitar e fingir que não dói.
Cansada de gostar do que gosto e não prestar.
Cansada deste nevoeiro pesado e cinzento que paira sobre mim, do nó na garganta e do aperto no peito.
Cansada do medo.
Cansada da solidão.
Cansada de pedir desculpas e de me esquecer de quem sou
Cansada de não ser capaz.
Cansada de não ser desejada.
Cansada de ser castigada sem o merecer.
Cansada de não ter atenção e carinho.
Cansada de tudo, mas principalmente,
Cansada de não ser amada

Se souberem porque sofre esta mulher e qual a solução para o seu problema, merecem um prémio.


15 de janeiro de 2015

Miguel de braço ao peito


O meu pardalito quebrou a asa, melhor dizendo, o pulso.
Imitando o Ronaldo, numa finta daquelas de pôr os olhos em bico a qualquer um, em disputado jogo de futsal entre colegas, escorrega sozinho e zás, pulso fracturado.

A mãe, desnaturada, cumpria o seu plano de treinos no ginásio, à hora de almoço como é hábito e, depois de suar as estopinhas e malhar a bem malhar, sai e olha para o telemovel: 2 chamadas de um número + 3 chamadas de outro + 2 de outro ainda - Oh pá, a coisa deve ser grave, anda todo o mundo à minha procura, penso.

Logo na primeira tentativa de contacto fico esclarecida, o pardalito está nas urgências, sozinho, assustado e com dores, sem mãe, de asa partida. O sentimento de culpa invade-me - Que raio de mãe vai para o ginásio e deixa a cria sozinha, sem protecção e conforto numa hora dessas? Que raio de mãe abandona assim um filho nas mãos de um desconhecido?

Meto-me no carro e acelero feita louca, numa fraca tentativa de fazer o relógio andar para trás e compensar o tempo perdido na passadeira. Corro para junto do piolho que está corajosamente sentado, junto de uma auxiliar do colégio, de braço pendurado ao peito, com uma gaze manhosa que se esfarrapa e suja tudo, à espera que o chamem para o raio-x. Cumprimento a Dona Tina e dispenso-a do seu papel de substituta. A partir daquele momento, assumiria o controlo da situação e não deixaria abandonado o meu herói que espera, estoicamente, sem lágrimas, o desenrolar da aventura.

Somos chamados para o raio-x, entramos e a enfermeira diz " a mãe tem de sair". Não, a mãe não tem de sair, a mãe fica." Mas é perigoso, mãe, estamos a falar de radiações e isto não custa nada, o Miguel fica bem". Bem sei, mas daqui não saio, nem arrastada. O pardalito precisa da mãe e tem direito à sua presença. Mantenho-me firme na decisão e a enfermeira, vendo, provavelmente no meu olhar ou tom de voz que a decisão é irrevogável, entrega-me a bata de chumbo que visto qual escudo protector contra as maléficas radiações. Se bem, que com avental ou sem ele, com chumbo ou sem ele, naquele momento nada me impediria de estar com a cria e de lhe dar o conforto possível.

A simples presença da mãe, um olhar, um piscar de olho, uma mão sobre o ombro, uma festa na cabeça, uma conversa parva para desanuviar o ambiente, são alguns dos recursos que uma mãe usa com aquele poder mágico que só as mães têm quando se trata de diminuir as dores de um filho.
Acredito mesmo que nessas horas, qualquer coisa de fantástico se apodera das mães e elas ganham, como que por magia, poderes sobre humanos.

E pronto, o resto da história já dá para adivinhar. Chamada ao médico, informação de que a fractura se confirma, gesso colocado com uma larachas pelo meio para diminuir a ansiedade e o medo, e vamos finalmente almoçar que bem merecemos.
O pardalito tem direito a tudo o que lhe apetece. Afinal, são 15.30  e ele não come desde ontem ao jantar. Maldita a hora que o miúdo não quer comer o pequeno almoço e só come a meio da manhã na escola. Maldita a hora que a mãe, desnaturada, o deixa sair de casa confiante que ele cumpre o que está combinado e come o lanche da manhã. Afinal, o jogo de futebol ao intervalo é coisa mais importante que a fome que eventualmente possa ter. Perder um ou dois minutos da bola, isso é que não pode ser.

Saídos, do hospital, passamos ainda pela escola para ir buscar as coisas dele, tratar das burocracias devidas mas, principalmente, tenho de ser honesta, para que ele possa receber a atenção e o carinho dos colegas e professores.

Entra na escola, qual herói desaparecido em combate e, como já tocou para a saída é imediatamente cercado por todos. Nota-se o ar agradado com que recebe toda aquela atenção e responde dezenas de vezes às mesmas perguntas.

Já em casa, o carinho dos colegas continua via facebook e sms, mas agora é hora de confronto com novas rotinas caseiras. Regresso no tempo cerca de 10 anos e volto a ter ao meu cuidado a cria para despir, vestir, ajudar a calçar, dar banho, vestir o pijama, cortar a comida...

O pardalito está no ninho, ao meu exclusivo cuidado e, permito-me, finalmente, descansar e relaxar. Está tudo controlado! - penso - está magoado, mas protegido; está com dores, mas aqui.
Nada como ter debaixo da nossa própria asa o nosso pardalito de asa partida.


13 de janeiro de 2015

Comprimido milagre para emagrecer

 

Li a noticia de que está em desenvolvimento uma pílula (mais uma!) fantástica e milagrosa, para emagrecer. A fexaramina, assim se chama o bicho, está a ser desenvolvida e estudada nos EUA, país onde os obesos são mais do que muitos. Segundo os estudos agora desvendados, essa pílula mágica, irá actuar sobre um receptor chamado farensoid x, que está ligado à digestão dos alimentos e armazenamento da gordura por parte do fígado. A farensoid também ajuda na queima da gordura, preparando o corpo para a próxima refeição. A droga, captada por esse receptor, enganaria o organismo fazendo-se passar pela farensoid e seria, assim, capaz de reproduzir os seus efeitos.

Ora, assim à primeira vista, parece que é um milagre o que está para nascer e já vejo o laboratório responsável por essa droga a enriquecer à custa das falsas expectativas criadas em milhares de pessoas em todo o mundo que esperam a droga mágica que será, com certeza, vendida, caríssima. Já foi isso que aconteceu, antes, com a sibutramina, o rimonabanto, o victoza .

Há uma euforia generalizada, uma procura imensa, milhões em vendas e depois descobre-se, como que por artes mágicas, que afinal há uns efeitos secundários indesejáveis, que afinal os resultados não são tão bons como os esperados, mais isto e aquilo, e vamos mas é proibir a venda antes que mais estragos sejam causados. No entretanto, já o laboratório enriqueceu e os médicos ganharam férias, canetas e outras prendas para o prescreverem indiscriminadamente a toda a gente com peso a mais.


A maioria das pessoas quer ter resultados sem esforço, quer ser linda, magra, tonificada, mas não quer sair do sofá nem privarem-se do que gostam de comer e lhes dá prazer. E a nossa sociedade fomenta esse estado de espírito quando promove tanto e faz tanta publicidade a este tipo de comprimidos em vez de apostar em mudar atitudes, em educar para estilos de vida mais saudáveis e alimentação mais natural e menos processada.

Ainda há muito a fazer neste combate contra a obesidade, mas acho, sinceramente, que a solução não passa por comprimidos milagre ou cremes mágicos, que prometem este mundo e o outro e na realidade pouco fazem. E, pior ainda, têm sempre efeitos indesejáveis a médio prazo. Os resultados aparecem quando se investe esforço na mudança de hábitos alimentares e estilos de vida mais saudáveis com a introdução de exercício físico, seja ele no ginásio ou não. O importante é mesmo comer bem, mais saudável e mais natural e mexermo-nos. O corpo pode e deve ser uma preocupação nossa mas mais importante que tudo isso é aspirar e uma maior qualidade de vida, sem dores ou limitações e sem riscos acrescidos de problemas de saúde associados à obesidade - hipertensão, diabetes, problemas cardio vasculares - só para citar os mais preocupantes.


A evolução científica é boa e desejável mas a solução tem de passar por uma reeducação da população, com inicio nas escolas e jardins de infância, e não por criar falsas expectativas e prometer grandes milagres e a obtenção do corpo perfeito apenas com a ingestão de um comprimido. Nada se consegue sem esforço e motivação.



Parabéns Ronaldo


Esforço, dedicação, devoção e glória. A demonstração de que o trabalho e a persistência levam ao sucesso. A motivação intrínseca deste homem é única e admirável. Um exemplo para todos nós.


12 de janeiro de 2015

Amor é... # 3



... irem juntos ao ginásio e partilharem dores e resultados.


Chocolate escaldante




 Cá está a minha primeira (de muitas, espero!) colaboração com a revista Chocolate, que vos apresentei a semana passada. Fui desafiada para escrever sobre voyeurismo e o resultado foi este. Espero que gostem.


9 de janeiro de 2015

Chocolate


Apresento-vos a revista Chocolate, de Angola, uma revista dirigida essencialmente ao público feminino, moderna e actual, onde se abordam tema variados e interessantes. Podem segui-la no facebook e estejam atentos que em breve tenho novidades.



Amor é ... # 2



... abraçá-la e aconchegá-la até ela adormecer.


7 de janeiro de 2015

Lições de vida



Depois de plantada a semente do bambu chinês, não se vê nada por aproximadamente 5 anos - excepto um diminuto broto. Todo o crescimento é subterrâneo; uma complexa estrutura de raiz, que se estende vertical e horizontalmente pela terra, está sendo construída. Então, ao final do 5º ano, o bambu chinês cresce até atingir os 25 metros.

Muitas coisas na vida pessoal e profissional são iguais ao bambu chinês. Trabalha, investe tempo e esforço, faz tudo o que pode para nutrir seu crescimento e, às vezes, não vê nada por semanas, meses ou anos. Mas, se tiver paciência para continuar trabalhando, persistindo e nutrindo, o seu 5º ano chegará; com ele virão mudanças que não esperava.

Lembre-se que é preciso muita ousadia para chegar às alturas e, ao mesmo tempo, muita profundidade para agarrar-se ao chão.
                                                                                                              ( Paulo Coelho)

6 de janeiro de 2015

Amor é... # 1


... levar-lhe o computador ao emprego quando ela se esquece dele em casa.


Recomeçar

 

Temos todo um ano à nossa frente para recomeçar.
Tempo de dar novas oportunidades
De renovar esperanças e sonhos.
São novos meses, semanas, dias e horas para fazer o que não se fez antes .
São novos meses, semanas e dias para manter o que não fez feliz.
São novos meses, dias e horas para deixar de lado o que nos fez mal.
São novos meses, semanas e horas para experimentar ousar, sem arrependimentos.
São novos meses, semanas, dias e horas para esquecer, perdoar e seguir em frente, sem olhar para trás
São novos momentos para recomeçar
A altura ideal para correr riscos,
O momento de ousar ser feliz.


Mercado de campo de Ourique

 

 O jantar no mercado de Campo de Ourique, com direito a música ao vivo e tudo, foi agradável porque foi partilhado em boa companhia. Há muito tempo que estava com vontade de visitar este espaço e, definitivamente, não sou grande fã de mercados... a comida é cara, não é nada de especial e o espaço pequeno e com pouco conforto, muito equivalente ao mercado da Ribeira. É capaz de ser engraçado para grandes grupos, não sei! Ou então sou eu que sou esquisita.

5 de janeiro de 2015

Amor é ...

 

... comprar uma lingerie preta e ousada para ti, no aniversário dele, para usufruírem em conjunto.

Feliz 2015


Um mês e meio depois estou de volta. Foi um período de intenso e dedicado trabalho que tenho a certeza dará frutos no futuro e, se alguma coisa tinha de ficar para trás, é claro que não podia ser a família ou a preparação e gozo pleno das férias escolares e das festas natalícias. Agora, que estou de regresso à rotina anterior, ainda que a meio gás, quero muito voltar a este meu cantinho porque aqui sou feliz.

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