1 de outubro de 2014

Lidar com a depressão


Se se sente angustiado, com falta de energia, desesperado, com alterações de apetite e de sono, sem vontade para nada e triste a maior parte do tempo; se se sente com menos concentração e memória, mais cansado  do que habitualmente, sem paciência e não tem vontade de ver ou falar com ninguém, pode estar deprimido.

A depressão é uma doença grave porque, como pode verificar pela simples listagem de sintomas que apresento, afecta várias áreas da vida de uma pessoa e tem repercussões a vários níveis: sociais, profissionais, familiares e de saúde e necessita, por isso, de muita atenção, não devendo ser tratada levianamente nem menosprezada pelo doente ou pelos profissionais de saúde que com ela lidam.

A primeira coisa a fazer é, sem dúvida, obter um diagnóstico e, se for caso disso, medicação. Atenção que nem todos os estados de tristeza são depressão e alguns se não mesmo todos destes sintomas podem surgir em muitas outras patologias e causas e é por isso muito importante que o diagnóstico diferencial seja feito por alguém que sabe. Chamo também a atenção que nem todas as depressões necessitam de tratamento medicamentoso, mas esse é apenas o meu ponto de vista, muitos outros haverá e cabe a cada pessoa decidir, juntamente com o médico que o acompanha, o que quer e o que é melhor para si.

Há, no entanto, várias pequenas mudanças que a pessoa pode e deve pôr em prática para poder lidar com a depressão.

  • Descubra em cada dia um motivo de felicidade, seja grato pelo que tem e não queira o que não é possível no momento. Pode estipular um tempinho ao final do dia, antes de dormir, por exemplo, para tomar consciência de algo a que vai chamar "o melhor do meu dia". Pense na situação em concreto ou na pessoa que lhe proporcionou esse instante e reviva o momento e o que sentiu.

  •  Lembre-se que a melhor forma de contrariar pensamentos negativos é transformá-los em positivos no momento em que ocorrem. Não se deixe invadir por pensamentos ruminantes nem permita que a  cabeça controle tudo. Saiba que é responsável pela sua vida e tome nas mãos as rédeas do seu futuro.

  •  Procure fazer todos os dias alguma coisa que lhe dê prazer, seja ela qual for, todas são válidas e não há receitas certas, cada um é que sabe de si. Pode ser ver o mar, ouvir música, cantar, tocar um instrumento, ler um livro bonito e positivo, ver na televisão um programa de humor ou outro. Nada de coisas tristes ou que apelem ao sentimento porque disso não precisa. Comece com 5 ou 10 minutos e vá aumentando progressivamente esse período. No inicio vai ser difícil mas com a prática e a repetição isso vai mudar.


  •  Se antes tinha um hobby qualquer, retome-o. Esforce-se por recuperar rotinas antigas e contrarie a tendência para se fechar em casa, deitar e dormir.

  •  Faça uma alimentação equilibrada e saudável e estabeleça rotinas de sono relaxantes. Evite os excitantes a partir da hora do almoço e outras coisas que lhe provoquem stresse e o impeça de ter umas horas de sono tranquilas.

  •  Pratique exercício físico, nem que seja apenas passear um pouco, apanhar ar e sol (se houver), dar uns pontapés numa bola com as crianças, andar de bicicleta, passear o cão ou qualquer outra coisa que goste. O exercício físico tem vários benefícios, entre eles a produção da serotonina, responsável pela sensação de felicidade e bem estar que o irão ajudar nesta fase. Para saber mais sobre a serotonina leia aqui.  

  • Reserve uns minutos do seu dia exclusivamente para reorganizar o seu interior. Se gosta de escrever, escreva; se tem amigos disponíveis, desabafe com eles; se não quiser ou não o puder fazer, às vezes ajuda falar para um gravador. É importante que verbalize sobre o que o atormenta e entristece porque quando se fala arruma-se ideias e é a partir da linguagem que se criam sentimentos. Aprenda a auto analisar-se e a conhecer-se um pouco melhor. Procure perceber porque está assim, o que aconteceu que lhe provocou esse mal estar, com que não consegue lidar, com que conflito interno está a lutar, que culpa, que desequilibro emocional?

 Bem sei que estas coisas são todas muito bonitas na teoria mas na prática não são fáceis. Sei disso e não espero que consiga fazer tudo isto de inicio. O importante é que se obrigue a fazer alguma coisa todos os dias.  Seja proactivo. Decida mudar e esforce-se. Pesa ajuda a médicos, terapeutas, amigos, família, à igreja. É fundamental que não se isole e não sofra sozinho. Partilhe a sua dor. Pode ser apenas uma coisa por dia e depois, devagarinho, aumente a intensidade e a frequência com que o faz, como se estivesse a treinar um músculo.  Assuma o controle sobre si e sobre a sua vida. É mais capaz do que pensa e sente e vai ver que é possível sentir-se bem e "normal".

Nota importante: O que aqui deixei foram apenas algumas dicas, nada disto deve substituir um   acompanhamento médico e terapêutico adequado. Com a saúde não se brinca e as doenças do foro psicológico são tão graves como as outras, não desvalorize o que sente e procure ajuda.



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