9 de setembro de 2014

Mónica

25 anos de Amor

Aquele fim de ano de 1988 foi fantástico. Tinha descoberto há meia dúzia de dias que ía ser mãe pela primeira vez e fui inundada por um misto de emoções totalmente novas. Foste muito desejada desde a primeira hora. Acho que foste muito desejada desde que me conheço porque sempre quis ser mãe, queria muito ter tido quatro filhos e a noticia da tua chegada encheu-me o coração de esperança e alegria. Foi uma gravidez calma, sem enjoos ou sobressaltos e vivida intensamente, com muita tranquilidade e muita leitura sobre o tema maternidade, rodeada de muito amor. Engordei 30 Kg mas nem isso me incomodava, só queria, como todas as mães, que nascesses saudável e depressa, quando chegasse a hora. Preparação para o parto feita e no dia marcado, depois de 42 semanas de espera, lá estava eu, pronta para aquele que considerava ser o dia mais importante da minha vida até ao momento, o dia do teu nascimento. Depois de alguns "pequenos" contratempos, nasceste, em sofrimento, e levaram-te para longe de mim, para os cuidados intermédios e o meu coração ficou pequenino, sufocado num desassossego sem fim à vista. Não tive a felicidade de te ter logo nos braços, não te ouvi chorar, não te vi e calei a dor sentida para que os que me rodeavam não a sentissem a dobrar. O teu pai teve autorização para te ver e cantou-te a música que diariamente eu te cantava nos momentos que tínhamos a sós, a nossa música, aquela que já antes tinha sido minha e da tua avó -  Avozinha. Tinha lido que se repetíssemos uma música ou som muitas vezes durante a gravidez, essa música teria, posteriormente, quando o bebé estivesse mais agitado, um efeito calmante e, segundo reza a história, o milagre aconteceu e em vez do choro intenso e continuado, acalmaste e procuraste quem cantava. Tive pena de não ter presenciado esse momento mágico mas felizmente que o teu pai se lembrou disso e te deu esse bocadinho de mim. Pedi para te ir ver e a primeira vez que olhei para ti já sentia que te amava mas o amor multiplicou-se de repente e invadiu-me, tomou conta de mim e soube desde logo que serias para sempre o meu grande amor. Aconcheguei-te nos braços, olhei-te nos olhos e acolhi-te no meu coração que de repente se tornou pequeno para receber tanto amor, era mãe, era tua mãe e não podia ser mais feliz. Tive alta hospitalar primeiro que tu mas, como é evidente, recusei-me a sair e deixaram-me ficar para te acompanhar. Mamavas bem e recuperaste depressa. Aqui a vaca leiteira, deu leite a muito bebé naqueles cuidados continuados, bebés prematuros cujas mães não produziam ainda leite e que aproveitavam o meu, que era grosso e abundante. Fomos finalmente para casa e tínhamos à nossa espera uma enorme festa, com toda a família reunida que te aguardava ansiosa e foi nesse dia que tirámos a nossa primeira fotografia das quatro gerações de mulheres da família juntas, fotografia que tivemos a felicidade de repetir ainda por muitos anos e hoje infelizmente não o vamos poder fazer. Já sabes como é a tua avó, tudo é motivo para celebração e ainda bem que assim é porque desse modo vamos também aprendendo a celebrar as pequenas coisas. Depois disso foi ver-te crescer numa contemplação permanente de que não me cansava, ficava apenas a olhar para ti e sentia-me a pessoa mais completa do mundo. Como era possível teres nascido de mim e seres tão perfeita, tão minúscula, tão minha. Era um sentimento de êxtase completo, de puro deslumbramento. Trouxeste à minha vida uma mudança tão boa que é difícil explicá-la por palavras, passaste a ser o meu centro, o meu universo, a minha prioridade, eras tudo e lembro-me de me sentir tão serena e segura nesse papel de mãe, sem dúvidas ou medos de qualquer espécie e onde tudo fluía naturalmente que parecia que te conhecia desde sempre. É mesmo verdade, que a mãe diferencia os choros dos filhos. É mesmo verdade que a ligação que se estabelece é única e irrepetível. É mesmo verdade que o mundo muda para melhor. É mesmo verdade que ser mãe é maravilhoso e eu adoro. Dediquei-me a ti todos os dias e adorei cada minuto passado no chão, a fazer puzzles, legos, pinturas ou a brincar com bonecas. Tomámos centenas de banhos juntas e depois deitava-te no meu corpo, pele com pele, e aí adormecias serena. Ensinei-te a olhar nos olhos, a respirar comigo e a escutar o bater do meu coração quando estavas agitada. Ouvimos o silêncio juntas, lemos vezes e vezes sem conta os livros de que mais gostavas, criei-te uma rotina securizante mas, mais importante de tudo, amei-te até ao infinito e mais além. Entraste depois na escola e foste uma filha exemplar, que nunca me deu problemas ou preocupações. És hoje uma mulher com valores morais que admiro, responsável, amiga, solidária, mas para mim serás sempre aquele bebé que me ensinou o que é o amor incondicional, o meu bebé. Parabéns, filha, sê feliz!





 
 


 

4 comentários:

  1. Lindo! Magnífico!... Parabéns, Mónica! És maravilhosa e tens uma mãe babada de que te podes orgulhar.
    Um grande e saudoso abraço às duas, com muito carinho. Que o próximo ano seja doce e sereno, com dias radiosos...

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    1. Obrigada,minha querida Anabela, as tuas palavras são lindas e tocaram fundo o meu coração.

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  2. Que lindo! Tens o dom da palavra!
    Parabéns à mamã :)

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    1. Que bom ver-te por aqui, sê bem vinda! Obrigada por tudo.

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