22 de maio de 2014

Amizade com ex namorado


A propósito desta série, "Ex on the Beach", em que tropecei no fim de semana, que conta a aventura de oito belos jovens, colocados numa ilha para uma férias de sonho, com sol, praia, festas e sexo e que explora as suas reacções quando a produção decide enviar para a ilha os ex de todos eles, um de cada vez, comecei a pensar até que ponto será legitimo e saudável manter uma relação de amizade com os ex, comportamento que parece estar cada vez mais na moda, pelo menos entre muitas figuras públicas que  dizem sempre o já batido "estamos bem, ficámos amigos", depois do fim da relação, como se uma separação pudesse ser sempre doce e tranquila para ambos.

Tenho cá para com os meus botões que toda a separação é difícil, não acredito nisso de separações fáceis e não me parece aceitável grandes amizades, pelo menos no inicio e, principalmente, se o rompimento se deveu à vontade de apenas uma das partes. Não quer dizer que não possa vir a acontecer, com o tempo, mas no imediato parece-me difícil e até problemático.

Se não, pensemos. Quando um casal decide separar-se aparecem, normalmente, num ou em ambos os membros do ex casal, em maior ou menor escala, sentimentos de rejeição, baixa auto estima, traição, quebra de confiança, insatisfação, desilusão, zanga, raiva, entre outros, todos eles dentro deste especto negativo e, se calhar, às vezes, também algum alívio pela libertação conseguida.

Sendo verdade esta premissa, não me parece  que sentimentos deste tipo sejam iguais aos que alimentam as amizades. Os amigos habitualmente despertam em nós sensações totalmente diferentes destas, de respeito, confiança, gratidão e bem estar. Poderá alguém ser amigo da pessoa que a rejeitou e magoou? Quererá alguém ter como amigo uma pessoa em quem não confia e com quem não pode contar, com quem se sente zangado e por quem sente raiva? Acho pouco plausível. Depois, há ainda um outro facto, escondido e mais ou menos consciente, que muitas vezes está por trás do objectivo de continuarem amigos: o desejo, por parte de quem ainda gosta, de reconquista. O pensamento de que se se mantiverem por perto e se forem amigos, há maior probabilidade de o conseguir reconquistar  e trazer de volta para a relação. Este pensamento é extremamente perigoso porque a pessoa não percebe que o outro já não está empenhado, que está preparado para avançar e refazer a vida amorosa e o sujeito que deseja o reatar fica preso numa relação sem futuro, não aceita o fim, não faz o luto da relação perdida e, em última análise, sofre desnecessariamente. O meu conselho, é que deixem passar um tempo sem contacto, curem as feridas e depois, quando o tempo desempenhar a sua função de cura, ai sim, estão em condições para conviver, mais ou menos amigavelmente.

Para não correr o risco de ser já apedrejada ou ter de ler comentários desagradáveis, peço que toda a gente se foque nas relações em causa, as que são retratadas no dito programa, as de namoro, sem filhos. É claro que quando existem filhos o caso é diferente e terei oportunidade de escrever sobre isso noutra ocasião

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